Por que a interpretação bíblica é importante?
Apelando à mesma Bíblia, cristãos,
mórmons e testemunhas de Jeová podem chegar admiravelmente a conclusões
divergentes. Por exemplo, os cristãos creem que há um único Deus, o Deus
trino (Pai, Filho e Espírito Santo), que existe e existirá para sempre.
Os mórmons podem citar versículos para asseverar que o Deus da Bíblia é
apenas um entre inúmeras deidades e que nós mesmos, se masculinos,
somos também deuses. Testemunhas de Jeová afirmam que é blasfêmia dizer
que Jesus ou o Espírito Santo é uma pessoa divina. Até pessoas que
confessam o nome de cristão debatem veementemente se a Bíblia condena o
comportamento homossexual. Em outro nível, cristãos genuínos podem ficar
admirados depois de lerem um texto do Antigo Testamento que regulava
doenças de pele infecciosas ou redistribuição de terra no antigo Israel
(ver Questão 19, “Todos os mandamentos da Bíblia se aplicam hoje?”).
Como esses textos são aplicáveis hoje? Evidentemente, não basta dizer:
“Eu creio na Bíblia”. A correta interpretação da Bíblia é essencial.
O que é interpretação?
Interpretar um documento é expressar seu
significado por meio de falar ou de escrever. Envolver-se em
interpretação presume que há, de fato, um significado correto e um
significado incorreto de um texto, e que devemos ter cuidado para não
interpretarmos errado esses significados. Quando lidamos com as
Escrituras, interpretar apropriadamente um texto significa comunicar, de
modo fiel, o significado do texto do autor humano inspirado, embora não
negligenciando a intenção divina (ver Questão 3, “Quem escreveu a
Bíblia – humanos ou Deus?”).
As escrituras mostram a necessidade de interpretação bíblica
Vários textos na Bíblia demonstram
claramente que há tanto uma maneira correta como uma maneira incorreta
de entender as Escrituras. Em seguida, oferecemos alguns exemplos desses
textos, com breve comentário.
2 Timóteo 2:15: “Procura apresentar-te a
Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade”. Nesse versículo, Paulo exorta Timóteo a
manejar bem ou “interpretar corretamente” (orthotomounta) a palavra da
verdade, ou seja, as Escrituras. Essa advertência subentende que as
Escrituras podem ser manejadas ou interpretadas de maneira incorreta.
Salmos 119:18 “Desvenda os meus olhos,
para que eu contemple as maravilhas da tua lei”. Aqui, o salmista rogou
que o Senhor lhe permitisse entender e se deleitar no significado da
Escritura. Essa súplica mostra que a experiência de entendimento
prazeroso da Escritura não é universal.
2 Pedro 3:15-16 “Tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo
vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca
desses assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas
epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os
ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais
Escrituras, para a própria destruição deles”. É claro, nas instruções de
Pedro, que é possível distorcer o significado da Escritura. E, em vez
de aprovar essa liberdade interpretativa, Pedro diz que perverter o
significado da Escritura é um pecado de consequência séria.
Efésios 4:11-13 “Ele mesmo concedeu uns
para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros
para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de
Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo”. Se as Escrituras fossem entendidas automaticamente por todos,
não haveria necessidade de mestres capacitados por Deus para instruir e
edificar a igreja. A provisão de Deus de um ofício de ensino na igreja
demonstra a necessidade de pessoas que possam entender e explicar
corretamente a Bíblia.
2 Timóteo 4:2-3 “Prega a palavra, insta,
quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a
longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”. As instruções de Paulo a
Timóteo mostram que há uma maneira correta de pregar a revelação da
Escritura e que também haverá corruptores dessa revelaçãoO Texto acima foi extraído do livro "40 Questões para se interpretar a Bíblia, de Rob Plummer, lançamento da Editora Fiel.
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